O Atacama possui passeios como Salar de Tara (4,5 mil metros), Geyser del Tatio (4,3 mil metros) e Piedras Rojas (4,2 mil metros). Algumas pessoas sentem dor de cabeça e outras sonolência ao ir para esses lugares. A palavra-chave para entender como nosso corpo reage a grandes altitudes é a homeostase, que significa a busca do nosso corpo pelo equilíbrio com o meio externo, ou seja, a adaptação.
O oxigênio é o principal combustível do nosso corpo e depende da pressão atmosférica, que é o peso do ar sobre nós. Esse peso diminui com a altitude, ou seja, quanto maior a altitude menor a pressão atmosférica e consequentemente menor a oferta de oxigênio.
“Com essa queda, entram em cena os mecanismos de adaptação (homeostase). A hemoglobina é quem transporta o oxigênio pelo nosso corpo. Como a oferta é menor, precisamos produzir mais hemoglobina para transportar essa menor quantidade de oxigênio. Esse é um dos principais mecanismos de adaptação e leva alguns dias até se ajustar. Outros mecanismos compensatórios são aumentar os batimentos do coração de 3 a 5 vezes; a frequência respiratória; aumento da vontade de urinar, entre outros fatores adaptativos”, explica o nutrólogo Ives Vilarroel.
Os sintomas começam a aparecer em altitudes moderadas, a partir dos 2,4 mil metros (da cidade de São Pedro). Os principais sintomas são: dores de cabeça, tonturas, náuseas, fraqueza, vômitos, distúrbios no sono. “Tudo isso depende da susceptibilidade de cada pessoa. E todos eles dependem da velocidade da subida, altitude alcançada e intensidade e/ou duração da atividade exercida nas grandes alturas e costumam iniciar seis horas após o início da ascensão”, detalha o médico.
Ele lembra que as consequências tendem a ser mais intensas em crianças, idosos e em indivíduos que apresentem condições especiais como gestantes e pessoas cardíacas, com pressão alta ou com outras doenças graves.
No caso das gestantes, nos três primeiros meses da gestação é comum elas apresentarem enjoos, azias e vômitos, sintomas que podem se somar ao mal da altitude e comidas diferentes. “Esses sintomas variam para cada gestante, mas não é recomendável viajar nesse período”, lembra Villarroel. O período ideal para viajar, segundo ele, é no segundo trimestre da gestação. “No terceiro trimestre não é recomendado viajar para grandes altitudes. Nesse período, o risco de parto prematuro é grande e a diminuição na concentração de oxigênio pode afetar o feto”, afirma.
Crianças: no caso das crianças, desde que saudável podem viajar para qualquer altura. Em altitudes acima de 2,4 mil metros, elas precisam de um período de adaptação: seu organismo deve acostumar-se gradativamente com a diminuição de oxigênio. Os sintomas nas crianças são os mesmo que os sentidos pelos adultos, mas elas são mais suscetíveis a eles. As crianças devem evitar fazer esforços físicos extremos nos três primeiros dias. Os pais devem ficar atentos para dores de cabeça persistente, sendo necessário, nesses casos, procurar um médico.
Orientações gerais do médico:
O ideal é permitir que o corpo se adapte a nova altitude, portanto, deve-se subir gradualmente.
Evitar nos dois primeiros dias bebidas alcoólicas, grandes quantidades de alimentos e atividades físicas intensas.
Ingerir acima de três litros de água, pois com o aumento da frequência respiratória nosso corpo perde muita água.
Evita sal em excesso nos primeiros dias, pois ele causa desidratação.
Consumir alimentos ricos em potássio como banana, abacate, espinafre e damasco desidratado. Abuse de frutas, verduras e legumes.
Chás de folha de coca e chachacoma (uma erva do Atacama) ajudam a amenizar os efeitos da altitude. A coca é legalizada, não é considerada droga, nem tem efeitos alucinógenos. O sabor é amargo, mas vale experimentar.
No mais, é relaxar e curtir a paisagem!
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