Um dos passeios mais procurados do Atacama te permite apreciar vulcões,
flamingos, paredões de pedras e um mar branco de sal
Os vazios da estrada são completados pelo Vulcão Licancabur, a estrela do Atacama. Seu “hermano” Juriques segue ao seu lado “sem cabeça”. Parece abraçá-lo, mas ao nos aproximarmos percebemos que há uma distância nessa proximidade. Um caminho separa os dois. Tomamos o café da manhã farto preparado pelas cozinheiras da FláviaBia Expediciones apreciando essa beleza. O Licancabur é o vulcão mais representativo para os Licananthays (os índios locais, chamados de atacamenhos para os espanhóis).
Burros no caminho se fazem livres e selvagens. Antes, eles eram usados para carregar o salitre produzido na região. Mas quando o Canadá começou a produzir o mineral, as produções chilenas foram abandonadas e os animais ganharam alforria do trabalho.
O deserto agora vira uma paisagem de arbustos verdes. Uma grama amarela chamada parra brava domina o caminho. As lhamas se alimentam da parra e correm livres e faceiras esperando serem fotografadas. De curva em curva vamos escalando o morro. Saímos de 2,3 mil metros de altitude, em San Pedro, para 4,7 mil metros. Nesse ponto, é possível perceber que o Juriques é mais largo, vermelho e foi mais alto – antes da erupção que tirou sua cabeça – que o irmão Licancabur. Um vulcão ruivo! – só poderia causar ciúmes.
Atravessar com uma estrada um lugar inóspito tem seu preço. No inverno, o gelo racha o asfalto e deixa o caminho menos visível. Quando a neve domina a paisagem, são os pequenos postes que ladeiam a estrada que a demarcam na imensidão branca do gelo. Durante o verão, é um mar de terra vermelha que toma conta do cenário.
Chegamos a Bufetal de Quepiaco, um lugar alimentado por rios subterrâneos, com peixes, flamingos e gaivotas andinas. Animais que estariam aqui desde que isso foi mar um dia. Cinzas petrificadas se transformam em montes de pedras pelo caminho. A Laguna Diamante e suas águas brilhantes fica congelada no inverno. A espessura do gelo chega a 80 centímetros e aguenta o peso de um caminhão em cima. Aos 4,8 mil metros de altitude, a vegetação some.
Tara
O Salar de Putjsa é uma extensão branca que vemos pela janela. Um casal de patos pololeia (namora em chilenês) no meio do sal. Seguimos rumo ao Salar de Tara, que dá nome ao passeio e faz jus a isso. Uma lagoa negra e salgada se estende ao redor da montanha. O sol dá o brilho necessário para qualquer um tirar fotos lindas. Os paredões de pedras que parecem formar catedrais, monges e diferentes formatos impressionam. Grandiosos, rústicos e com vários detalhes, parecem ter sido esculpidos à mão.
A parada seguinte é num mar de branco. As noções de densidade e profundidade se perdem. É lá que se tiram fotos pulando, achatando e pegando alguém no espaço. O vento uiva. E o branco persiste imenso. Nem nos damos conta, mas é o vento – esse danado – que leva e traz o sal o tempo todo.
Os flamingos reinam rosas em suas lagoas. Desfilam com suas pernas longas, abrem e fecham as asas, enquanto se deliciam com os crustáceos que vivem no fundo das águas. O cenário é quase inacreditável. Paradisíaco, para dizer o mínimo.
Na volta, paramos para mais uma foto do Licancabur, o gigante adormecido que vigia San Pedro do Atacama. É tudo muito diferente. Paisagem de ficção científica. Do céu, vem um presente: um arco-íris – um Deus Inca que pressagia a sorte – contorna as nuvens. A viagem está completa.
Faça esse passeio conosco:
https://www.flaviabiaexpediciones.com/portfolio/salar-de-tara/