Com concentração de sal cerca de oito vezes maior que o mar, as sete lagoas proporcionam uma experiência única
A estrada ladeada de pedras impressiona. Há beleza na aridez do deserto. Numa das curvas um vale se abre. Nos damos conta que somos apenas uma estrada no meio do nada. Nenhum sinal de verde pela janela. É tudo um grande dégradé de areia até onde os olhos podem alcançar. Em uma das placas que indicam os caminhos a seguir, abandonamos o asfalto e também nos tornamos areia.
Uma coroa vermelha lembra os que perderam a vida nesse ponto da estrada. Seguimos sem parecer que temos um destino. Não parece haver fim nessa terra. Uma cordilheira de montanha nos seguem. Cochilo e quando acordo estamos na entrada do parque das Lagoas Escondidas (Lagunas Escondidas), também conhecidas como Baltinache, onde é preciso pagar 5 mil pesos.
No caminho até as lagoas, restos de sal se misturam com a areia. E como pode águas tão turquesas no meio de tanta aridez? Sabia que elas são culpa do Brasil? As monções de humidade da Amazônia e do Pantanal são trazidas pelos ventos até a Bolívia causando o chamado inverno boliviano. A Cordilheira dos Andes bloqueia esses ventos húmidos, mas nada parece deter a natureza e a água se infiltra solo adentro. Em alguns pontos – como esse – ela resolve se exibir em formas de lagoas que se assemelham a piscinas naturais.
Venta bastante. Um caminho de pedra, que parece cenário de outro planeta, nos conduz de uma lagoa a outra. Conforme o caminho se apresenta, o branco do sal vai ficando mais branco e o azul das lagoas fica mais azul. Entre uma e outra é possível perceber diferentes tons de azul. São sete no total.
Na primeira e na última é possível nadar. Flutuar, na verdade. Com concentração de sal cerca de oito vezes maior que o mar e mais alta até que do Mar Morto é impossível mergulhar nelas. Nem precisa saber nadar. A água te traz de volta para superfície e você flutua. Mesmo sabendo de tudo isso, na hora de entrar bate um certo medo da profundidade imprecisa de um lugar em que é impossível chegar até o fundo por conta de tamanha concentração de sal.
O jeito é se jogar. E depois disso é inevitável não sorrir. Você flutua e continua assim por todo o tempo. Ao sair, registre-se cheio de sal e corra para a ducha. De banhos tomados é hora de seguir para um ônibus antigo abandonado no meio do deserto, o “bus in to the wild”. Num cenário que parece de filme almoçamos e deleitamos a tarde com fotos e um mundo só nosso. É, com certeza, uma das paisagens inesquecíveis do Atacama.
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